“O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo tem.”
Dito popular
Sabe aquele desejo de que o dia tivesse mais do que 24 horas para dar tempo de fazer tudo o que desejamos?
Trabalhar (várias horas por dia!), comer (mais de uma vez ao dia), tomar banho, cuidar de si (da pele, do cabelo, dos dentes, da mente, etc), cuidar do filho, estar com a família, praticar esportes, estudar, ler (ah, ler… ler muito, ler bons livros!), escrever, meditar, dormir. Bem, claro, ir ao cinema e ao teatro, à casa dos amigos, à praia, a festas, concertos… e muito, mas muito mais!
Pois o milagre da multiplicação das horas, ou pelo menos do sentimento de vitória pessoal de fazer caber tudo aquilo a que você se propôs para o dia, para a semana e para o ano é possível sim. Mas é preciso atitude, eficiência, produtividade, consciência. Sem tempo perdido por “enrolação”, ou por erros desnecessários.
A engambelação, aquilo de ficar ali enrolando, fingindo que está fazendo, mas na verdade não está, costuma estar presente quando uma pessoa não gosta daquilo que faz. Sem tesão, não dá!
Pense bem, quando alguém está empolgado com algo, quando gosta muito do que faz, coloca atitude, intenção, sentimento e a tarefa não só é feita em menos tempo, como resulta em melhor qualidade.
Já quando falta este sentimento, às vezes, por simples baixa ou ausência de identificação com o tema, há maior tendência a que a pessoa fique “matando tempo”, fazendo nada, olhando pro vento, navegando na internet, ou fazendo o que quer que seja como desculpas para não avançar de fato na tarefa pendente.
Identificamos assim, a essência da produtividade (e da consequente sensação de multiplicação das horas): a intenção, o sentimento naquilo que fazemos.
Com mais uma pitada de autoconhecimento e um punhado de autossuperação, completamos os ingredientes básicos necessários para a alquimia da alta performance e da qualidade de vida.
Este segundo ingrediente da lista para a produtividade, o autoconhecimento, é indispensável justamente para que a pessoa identifique, o mais rapidamente possível, que está e porque é que está faltando o entusiasmo de seguir em frente com algo.
Incrivelmente, ocorre que às vezes, passam-se meses ou até mesmo anos até que o sujeito se dê conta do fato de que não gosta daquilo que faz, como se deixasse a vida seguir no piloto automático, fazendo o que não gosta, sem ânimo, com baixa produtividade e, não raro, consequentes reclamações de tudo e de todos.
Conhecendo-se melhor é possível ao indivíduo perceber que não está plenamente feliz com algum aspecto da vida e descobrir do que realmente gosta. Vale a pena o relacionamento? E, então, o que poderia fazer pra melhorar? Quer trabalhar com o que? O que é realmente importante para ela? Onde quer morar? Quer ter filho ou não? Quer casar com o fulano? Vai usar o dinheiro pra comprar uma casa ou vai investir em outra coisa?
As decisões quando vão sendo tomadas ao longo da existência, se feitas sem consciência e sem autoconhecimento podem ir levando a pessoa para um caminho de indiferença com a vida, do fazer por fazer, trabalhar por trabalhar, namorar por namorar, viver para sobreviver. Essas pessoas acabam por ir cultivando a reclamação e a insatisfação como modus operandi, como padrão normal do cotidiano e vão colhendo prejuízos emocionais e de saúde até que um dia, com o acúmulo de tudo isso, acabam por sofrer algum trauma de uma doença grave.
Nesses casos, apenas após o trauma, seja por uma doença grave ou ainda pela perda inesperada de alguém é que a pessoa dá-se conta, como se fosse acordada por um despertador. Mas poderia ter sido absolutamente desnecessário passar por esse trauma e plenamente possível evoluir pelo caminho diametralmente oposto, o do prazer.
A outra via, a do prazer, consiste em fazer as escolhas com consciência (baseada no autoconhecimento) e aproveitar cada passo dado com a alegria e o gozo de quem sabe o que quer e busca sempre o melhor para si. E segue numa determinada direção, porque assim o deseja, e não porque foi mandado.
O sentimento do aprendizado crescente recompensa o aprendiz com a satisfação do vencedor. Não o vencedor sobre outrem, mas vencedor com relação a si mesmo, resultante da autossuperação.
Temos aí, na busca incessante da evolução, o terceiro ingrediente, imprescindível para a alta produtividade. Desejar melhorar é o primeiro passo, mas a autossuperação depende de que a atitude nesse sentido seja de fato tomada. Disciplina, consistência e persistência, formam o conjunto de qualidades reunidas do desejo do desenvolvimento de si mesmo.
O bom é que como, no nosso caso, a disciplina está aliada a uma vontade verdadeira que precedeu a atitude, tudo é feito com alegria e contentamento (e não como um martírio).
Marina Vilas Boas