Hoje, dia 8/4, comemoramos o dia da natação, um dos mais praticados no Brasil. Está em quarto lugar, ficando apenas atrás do futebol, vôlei e tênis de mesa. A prática da natação é quase tão antiga quanto o próprio homem, que aprendeu a se sustentar na água por mero instinto de sobrevivência. Mas embora os índios já nadassem nas terras brasileiras, como esporte oficial a natação só foi introduzida no Brasil no ano de 1897.
Para comemorar este dia, vamos a um trecho do livro “O poder do hábito”, do jornalista Charles Duhigg. Como Michael Phelps, o grande campeão olímpico de natação, preparava-se para lidar com situações inesperadas durante as provas, e como suas vitórias iniciavam antes de cada competição:
“… eram 9h56 – quatro minutos antes do início da prova – e Phelps estava de pé atrás de seu bloco de largada dando pulinhos nas pontas dos pés. Quando o locutor disse seu nome, Phelps subiu no bloco, como sempre fazia antes de uma prova, e depois desceu, como sempre fazia. Balançou os braços três vezes, como fizera antes de cada prova desde que tinha 12 anos. Subiu no bloco de novo, assumiu sua postura e, ao ouvir o disparo da pistola, pulou. Phelps percebeu que havia algo errado assim que caiu na água. Havia umidade dentro de seus óculos. Nâo sabia dizer se o vazamento era em cima ou embaixo, mas enquanto rompia a superfície da água e começava a nadar, ele torceu para que a infiltração não piorasse muito.
Já na segunda virada, no entanto, tudo estava ficando embaçado. Quando ele se aproximou da terceira virada e da volta final, seus óculos estavam totalmente cheios. Phelps não conseguia enxergar nada. Não via a linha no fundo da piscina, não via o “T” preto assinalando a parede que se aproximava. Não via quantas braçadas restavam. Para a maior parte dos nadadores, perder a visão no meio de uma final de Olimpíada seria motivo de pânico. Phleps estava calmo.
Todo o resto, naquele dia, acontecera de acordo com o plano. A infiltração nos óculos era um desvio pequeno, MAS PARA O QUAL ELE ESTAVA PREPARADO. Seu técnico uma vez fizera Phelps nadar numa pisicna do Michigan NO ESCURO, pois achava que ele precisava ESTAR PRONTO PARA QUALQUER SURPRESA. Algumas das fitas de vídeo na mente de Phelps incluíam problemas como aquele. Ele já tinha ensaiado mentalmente COMO REAGIRIA a um defeito nos óculos. Quando começou a última volta, Phelps estimou quantas braçadas a reta final exigiria – 19 ou 20, talvez 21 – e começou a contar. Sentiu-se completamente relaxado enquanto nadava com força total. Na metade da volta ele começou a aumentar seu esforço, uma erupção final que se tornada uma de suas técnicas principais para superar os adversários. Após 18 braçadas, ele começou a prever a parede. Ouvia a multidão berrando, mas já que estava cego, não fazia ideia se estavam torcendo para ele ou para outra pessoa. Dezenove braçadas,depois vinte. Parecia que ele precisava de uma. Era isso que dizia a fita de vídeo em sua cabeça. Ele deu uma vigésima primeira braçada enorme, deslizou com os braços e encostou na parede. O timing tinha sido perfeito. Quando tirou os óculos e olhou para o placar, estava escrito “recorde mundial” ao lado do seu nome. Ele ganhara outra medalha de ouro.
Depois da prova, um reporter perguntou qual fora a sensação de nadar cego. “Foi como eu imaginei que fosse”, disse Phelps. Foi uma vitória a mais numa vida cheia de pequenas vitórias.